"Genti Gandi"

Medidas - 2 meses e 17 dias

Na Maternidade

Bernardo P - ("Pitiquinho")

3,465 kg e 50 cm

2 meses e meio depois

Bernardo GG ("Genti Gandi")

6,100 kg e 60 cm

Idioma oficial - Nenenês

Sim! Ne-ne- nês!

Essa é a língua mais falada no momento aqui em casa. Por enquanto estou no nível básico, dominando palavras como "angu", "iééé´", "uca", todas faladas num tom agudo e meio cantado. Um espetáculo!

Bernardo, menino antenado e esperto que é, fala fluentemente. Eu apenas me limito a imitá-lo. Ele fala e mamãe repete, como naqueles métodos didaticamente corretos para aprendizagem de idiomas.

E assim seguimos, batendo altos papos... porque além do nenenês, tem outra linguagem que rola entre nós. A linguagem do aMoR!

Meu professor!

Beleza: Conceito relativo

Pare e pense em algo bonito.

Certamente lhe veio a imagem de algo/alguém digno de capa de revista. Um artista ou uma paisagem paradisíaca...

Desde o nascimento do Bernardo, alguns conceitos têm caído por terra. Um deles é o tal "belo". Já não aprecio tanto uma tela de Monet quanto uma "fraldinha borradinha de cocô amarelinho". Os artistas que me perdoem (entre eles, diga-se de passagem, papai Samuel).

Explico:

Depois de algum tempo vendo meu filho se contorcer e chorar fazendo força pra liberar o que lhe causa desconforto intestinal, não há o que me deixe mais facinada ao abrir o acessório e constatar que ele conseguiu! Lá está sua obra de arte e mamãe, toda feliz, solta faceira: "Que lindoooooo!"

E ainda tem os sons. Ah, os sons! Quer melhor sinfonia do que um sonoro punzinho? E o arroto? Que composição elaborada! Não sei o que acontece, mas eles realmente me deixam feliz!

Tudo é relativo! Sábias palavras!

Neurótica, euuuuuuuuu?

Puxa vida, puxa vida!
Sempre fui um pessoa desencanada com o "perigo". O tal perigo que minha mãe sempre mencionava quando atravessava-a-rua-correndo-sem-olhar-pros-lados, ou quando chegava em casa de madrugada, ou quando viajava, etc, etc...
Pois não é que agora fui apresentada ao fulano? Chegou avassalador e grita comigo quando olho pro Bernardo, vê se pode! Resultado: Lorena Desencanada da Vida virou uma medrosa neurótica.
Há quem possa achar absurdo eu pensar no pior diante de uma criaturinha tão angelical, mas eu penso! E achar absurdo é a única coisa que me faz parar...
Acontece mais ou menos assim:
Bernardo está todo aconchegadinho no meu colo, mamando feliz da vida. Lorena baixa o olhar sobre ele e pensa: E se você morrer? E se alguém te machucar? E se não tiver mais água no planeta quando você tiver 20 anos? E se alguma aventureirazinha magoar seu coração (hum, essa pode deixar com a mamãe que ela resolve!)?
Por alguns segundos me deparo com minha impotência. Mesmo com esse generoso e importante título de mãe, não poderei evitar nada, ou quase nada, daquilo que ele terá que passar. Dor, definitivamente, deveria ser transferível!

Primeira vez

Escolher um pediatra não é uma tarefa das mais fáceis, então resolvi que faria uma experiência e, caso não me sentisse segura, trocaria sem titubear. Mas simplesmente amei a conduta do Dr. Vicente, um médico super atencioso e calmo.

Confesso que não foi fácil ver Bernardo chorando ao ser examinado e eu não podia fazer nada, a não ser esperar, torcendo para que tudo estivesse bem com ele. De modo geral estava, mas ele não havia ganhado o peso esperado. Estava com 17 dias e pesava o que deveria pesar aos 10. Huuuuuuum... Tivemos 5 dias para alcançar a meta estipulada pelo médico: engordar 120 gramas. Saí do consultório um tanto preocupada com isso, mas a natureza é sábia e meu lindinho começou a mamar a cada 2 horas. Conseguimos! Cinco dias depois, ele estava com 250 gramas a mais. Pronto, já tinha superado tranquilamente o seu primeiro desafio!

Pronto para "passear"...

Na sala de espera do consultório, me senti mais mãe do que nunca, orgulhosa ao segurar minha cria e ao receber elogios de outras mães. Pode parecer corujice (e é!), mas meu filho chama atenção - principalmente por conta da quantidade de cabelo e do tamanho. Qual mãe desse mundo não acha seu bebê lindo? Pois então, eu sou mais uma da espécie!

Tudo ao mesmo tempo, agora...

Ainda no hospital, comecei a imaginar como seria minha rotina com o Bernardo em casa. Não que não tivesse pensado nisso antes, mas agora ele estava ali, ao meu lado, todo frágil e dependente de mim, me desafiando a aprender coisas que jamais sequer imaginei.

Os primeiros dias com ele em casa foram um misto de medo, cansaço e muita satisfação em sentí-los. Como pode? Eu não dormia o tanto que gostaria, tinha dores das sequelas do parto, não conseguia alimentá-lo e também não podia comer o que eu tinha vontade, minha casa tinha virado um entra-e-sai de gente, morria de medo de machucá-lo de alguma forma, estava um frio de lascar e, no entanto, não conseguia parar de sorrir! Impossível não lembrar da máxima "ser mãe é padecer no paraíso" - perfeito para descrever (e eu tinha uma vaga, vaguíssima idéia do significado disso antes).

Quando percebi, lá tinham se passado duas semanas! Nossa! Estava na hora de apresentar o Bernardo ao seu primeiro médico, mas essa é uma outra história...

Bernardo em sua primeira semana de vida.

A maior aventura da minha vida!

3:00 h do dia 11 de junho de 2008.
Não havia posição confortável para dormir, ui... De repente, o desconforto aumentou, uma dorzinha estranha começou a surgir. A barriga endurecia de tempo em tempo. É... estava chegando a hora, depois de 39 semanas e 3 dias. Bernardo resolveu nascer.

Às 7:00h comecei oficialmente o dia que, sem sombra de dúvida, seria o mais importante de toda a minha vida. Telefonei para meus pais, depois para o Samuel, avisando que seriam avós e pai, respectivamente, a qualquer momento.

Depois de um vai e volta da maternidade, entrei às 15:00h no centro cirúrgico e após 8h de trabalho de parto, exatamente às 23:00h, ele nasceu. Sem choro, quietinho. Cabeludo, pesando 3,660 kg e medindo 50 cm. Sim, nós o achamos lindo!
Eu dera à luz a uma nova vida e mesmo que procure o dicionário todo, não encontro palavra pra descrever o que senti ao vê-lo, perfeito e saudável, diante de mim.

Nesse momento, nasceram duas pessoas: Bernardo e Lorena-mãe. E depois disso, cada minuto tem sido precioso, encantador, surpreendente, ÚNICO!